quinta-feira , 21 novembro 2024
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O gozo do terrorista.

Uma das coisas mais fofas, hoje em dia, é gente que acha que se pode dialogar com terrorista. Quando ouço alguém falando isso, sempre tenho vontade de dizer para ele: leva um para casa! Dá Nescau, que ele vai gostar.

“Vítima do imperialismo americano ou sionista!”, “resistência à opressão!”. Tudo lindo quando você está tomando vinho num restaurante da zona oeste de São Paulo ou uma cerveja no boteco da faculdade.

Não. Terrorista ri dessa moçada boba e gosta de usá-la quando posa de vítima para ganhar fotos de jornalistas que pensam que o mundo é mesmo uma questão de “justiça social”. Impressionante como, mesmo discutindo a “inexistência do fato puro”, muitos acham que esse “fato puro” mora no Oriente Médio ou nalgum desses lugares que têm terroristas aos montes.

Muitos intelectuais são responsáveis por nossa ignorância sobre o que é a psicologia do terrorista. O terrorista gosta de matar quem ele gosta de matar. Ponto.

É um “gozo político” (por ser “político”, os bobinhos do Ocidente acham que receberiam seus votos numa eleição para o centro acadêmico). Sua forma de ação é a de gerar terror não no Exército inimigo, mas no cotidiano dos civis inimigos. Não é necessário, como dizem os americanos, ser um cientista que faz foguetes para entender isso.

Muita gente lê os terroristas como heróis da resistência (como se tratasse do nome de uma banda). Acham que eles são os combatentes contra a opressão e que apenas por isso é que matam centenas de pessoas. E que, caso fizéssemos o que querem, juntar-se-iam a nós em nosso “queijos e vinhos”.

Não, terrorista mata porque gosta. Existe prazer em matar, para algumas pessoas, e a leitura ideológica feita sobre os terroristas é apenas o suporte de marketing para que façam o que quiserem.

A associação entre a esquerda e o terrorismo é histórica, apesar de incômoda para pessoas que se julgam “do bem”. A esquerda atual é meio fofa, e é por isso que ama o terrorismo, mas não pode confessar esse amor.

No caso do terrorismo palestino histórico (hoje, limitado a práticas de grupos como Hizbollah e Hamas, que muitos “inteligentinhos” acham que são cineclubes libertários), se voltarmos aos anos 1970, no mínimo, veremos que a esquerda já ali apoiava as táticas do terror contra vítimas civis.

Para citar um caso histórico famoso: o grupo alemão Baader-Meinhof, conhecido por ser de “terroristas com consciência social”, tinha parceiros palestinos no Oriente Médio.

Em 1976, terroristas da extinta Frente Popular para a Libertação Palestina se juntaram a militantes do Baader-Meinhof para sequestrar um voo da Air France, levando-o à cidade de Entebbe, em Uganda, na época governada pelo louco Idi Amin, aliado dos terroristas.

Lá, fizeram uma lista de israelenses e judeus (conhece a prática?) e libertaram os demais passageiros. Ao final, Israel resgatou os sequestrados e matou os terroristas. Dia 4 de julho de 1976. Sábado passado fez 39 anos.

Hoje em dia, a torcida pelos terroristas seria ampla, geral e irrestrita nas redes sociais e nas universidades. Na época, só os mais “sinceros” abriam o jogo sobre suas simpatias.

Essa associação ideológica com o terrorismo sempre deixa a esquerda fofa de hoje meio confusa, uma vez que ela se diz contra a violência.

Mas, vale dizer, o velho Marx, que era um sincero, guardava claramente uma certa simpatia por práticas que hoje chamaríamos de terrorismo ou similares. Para ele, a moral estava sempre submetida às necessidades das forças históricas revolucionárias. Matar gente sempre foi justificável, nesse sentido.

Para o terrorista do século 21, essa associação com as supostas forças “progressistas” é muito boa para o marketing.

O terrorismo não forma um bloco único. É uma prática, não uma ideologia. Historicamente, já foi irlandês, basco, comunista, islâmico (hoje o mais famoso). Nunca acabará.

Agora é também coisa de “lobo solitário”. Iniciativa privada. Ou ataca em bando, com audiovisual, tipo o Estado Islâmico. Gasta-se uma grana enorme para combatê-lo, mas o terrorista é um vírus: você mata dez, nascem 20.

Luiz Felipe Pondé

Fonte: Folha de SP

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